Nesta edição o “bate-papo” é com o vice-prefeito e empresário Nelson Gonçalves Pinto, conhecido como Nelsinho do Posto, nascido em São Bernardo do Campo, São Paulo, e Peruibense de coração há vinte cinco anos. Nelsinho foi eleito vice-prefeito de Peruíbe pelo PR (Partido da República) na coligação “O Respeito de quem Ama” com a prefeita Ana Maria Preto. Também foi vice-prefeito na gestão Milena Bargieri de 2008 a 2012 e foi vereador de Peruíbe pelo partido PL (Partido Liberal) de 2005 a 2008. Cláudia Dib - Como começou a sua história em Peruíbe? Nelson - Eu visitei a cidade por algumas vezes, e vi em Peruíbe a oportunidade de montar uma empresa.
Cláudia Dib - Como você vê a atual situação da Cidade? Nelson - A situação é péssima, sem controle algum! Falar que está péssima pode parecer meio pesado, mas é isso mesmo, o que falta é envolvimento. É justamente o envolvimento do prefeito e dos vereadores que dão um “norte” para a Cidade, a cidade segue o ritmo do prefeito, se ele tem projetos e metas. Mas, eu não vejo isso na Ana Preto.
Cláudia Dib - Qual sua opinião diante de tantos pedidos de cassação da Prefeita? Nelson - Acho um desgaste político desnecessário, o que está acontecendo é mais uma questão política, do que fatos reais. As denúncias foram feitas baseadas em algum fato, mas, fato este que sempre teve uma explicação, uma conduta, ou um por que daquele fato. Mas este não é o caminho, não vejo a cassação como uma solução, nós devemos respeitar o sistema, afinal, ela foi eleita democraticamente. A cassação tem que se dar pelo fato comprovado, deve ser comprovado que houve o desvio de dinheiro. Por mais que não concorde com a forma de administrar, temos que reconhecer que todo o processo passa por vários funcionários, passa pelo jurídico, a administração não seria tão errada. O que está acontecendo é um descontentamento.
Cláudia Dib - Corre um rumor de que você não poderia assumir a prefeitura caso a prefeita fossa cassada. O que diz a respeito? Nelson - Não tem nada que me impeça, tenho meus direitos políticos garantidos, as contas da campanha de 2012 foram aprovadas, as contas da campanha de deputado também estão aprovadas.
Cláudia Dib - Você conhece bem a Saúde Pública do nosso Município, há problemas que não se resolvem. Como você vê isto? Nelson - É possível melhorar e muito, mas, é preciso mais atenção, mais empenho, mais envolvimento por parte dos gestores, os funcionários são bem envolvidos, mas eles querem respaldo e muitas vezes não tem, há ocasiões que os funcionários são responsabilizados por algo que eles não tiveram culpa, fizeram o possível, mas, se não tiver um Chefe de Setor, um Diretor ou um Secretário com respaldo da Prefeita, a “saúde” não vai funcionar e as pessoas vão continuar morrendo! É preciso foco! Precisamos decidir se vamos cuidar preventivamente da nossa população ou se precisamos de um hospital para o tratamento final. Sou da opinião de que precisamos investir nos postos de saúde, precisamos ter médicos todos os dias, agenda aberta, ter medicamentos, ter toda a atenção que o atendimento básico necessita. Os agentes de saúde fazem um trabalho fantástico e que não são valorizados e muito menos reconhecidos, eles conhecem os pacientes e suas necessidades de casa em casa, conhecem os doentes crônicos, sabem qual pai de família está desempregado e não pode comprar remédios. Os agentes de saúde sabem a ficha completa do local, deveríamos ter cem agentes de saúde, que inclusive são pagos com dinheiro do Governo Federal, verba exclusiva para o pagamento dos agentes de saúde. A prefeita poderia melhorar o quadro de funcionários da saúde, mas, esta administração não fez nenhum processo de recontratação, nem processo seletivo, nem concurso público, esta administração não se preocupou com isso.
Cláudia Dib - O vereador Osvaldo, seu irmão, costuma dizer que a Secretaria de Saúde não é independente, você confirma isso? Nelson - Realmente o secretário é figurativo, se tem um problema procura o secretário, tem uma solução, foi a prefeita que fez. As conquistas são da prefeita, as “buchas” são do secretário. Por outro lado o secretário não tem autonomia para resolver os problemas, não tem autonomia para gerir os gastos, as compras e as contratações.
...há ocasiões que os funcionários são responsabilizados por algo que eles não tiveram culpa, fizeram o possível, mas, se não tiver um Chefe de Setor, um Diretor ou um Secretário com respaldo da Prefeita, a “saúde” não vai funcionar e as pessoas vão continuar morrendo!
Cláudia Dib - Pensava-se que o problema da saúde era um problema de má administração da pasta, colocaram um administrador, o empresário Nelson, não resolveu. A administração chamou um técnico, chamaram o Dr. Rubens e posteriormente o Dr. Botteon que também não resolveu. O que acontece? Nelson - Mas não vai resolver mesmo, porque a administração trava o secretário, por exemplo: O secretário conhece a necessidade do dia a dia, manda comprar 100 mil luvas, o pedido chega na administração, chega na prefeita e eles acham um absurdo e mandam cortar a compra pela metade. Levando em conta que o processo licitatório leva em média 30 dias para ser aberto, depois mais 30 dias para realizar a licitação, mais 30 dias para homologar quem ganhou a licitação, e mais 30 dias para o fornecedor entregar as luvas e já se passaram 120 dias e detalhe, vai chegar a metade do que se precisa. Tudo isso deve ser pensado, o tempo na saúde é muito ingrato, porque você faz as coisas, compra os insumos respeitando os prazos legais, mas a necessidade do paciente é urgente! Mesmo sendo vice-prefeito eu não tinha o poder da caneta, eu não tinha o poder de falar vamos pagar este ou aquele, eu tenho mais necessidade disso ou daquilo, e que direciona isso é o gabinete muitas vezes sem escutar o secretário.
Cláudia Dib - E onde fica o Conselho de Saúde nisso? Nelson - Eu tive uma boa experiência com o Conselho, ele é deliberativo, mas, uma vez que a administração não ouve o secretário, o Conselho muito menos! Mas, se o Conselho entender que os gastos não estão corretos, e ele não aprovar as contas, isso gera um problema enorme para a prefeitura.
Cláudia Dib - Você tem pretensões políticas, você é pré-candidato a prefeito? Nelson - Sim com certeza! Sou pré-candidato a prefeitura de Peruíbe sem o governo. Eu rompi com a administração e não faço parte do governo em nada.
Cláudia Dib - No Brasil os políticos estão com uma imagem muito desgastada, como é o seu conceito de política, como você pode ajudar a Cidade? Nelson - Eu vejo que a política mudou, as exigências mudaram, as cobranças mudaram e tem muitos políticos que não mudaram, ele não pode ver o mandato como profissão, tem político que ganha uma eleição para se dar bem, e não é assim, você ganha uma eleição para fazer o bem, para ajudar as pessoas, ajudar sua Cidade, seu Estado, seu País. Mas a política é como um jogo de xadrez muito complexo e você tem que entender o jogo para continuar vivo.
Cláudia Dib - Você citou que é preciso entender o jogo para manter-se vivo. Alguns diziam que a sua nomeação como secretário era justamente para te “fritar”, matar politicamente. Você sentiu isso? Nelson - Naquele momento não! Hoje eu acredito que a intenção era essa. Mas como o que não nos mata, nos fortalece; Eu saí fortalecido, mais experiente e capacitado politicamente.
Cláudia Dib - Quais suas considerações finais? Nelson - Gostaria de deixar registrado que eu tenho a minha consciência muito tranquila, já são quinze anos na política, onde fiz escolhas sempre buscando ajudar a minha Cidade, mas quando você escolhe ser vice de alguém você põe o seu nome junto com o de outra pessoa e depois descobre divergências de ideais, como já fui vice duas vezes, quero agora falar em meu nome, quero realizar meus objetivos e poder contribuir para a melhoria da Cidade, hoje eu me coloco a disposição do meu partido, sou pré-candidato à Prefeitura de Peruíbe nas eleições de 2016.